Os Invisíveis
A Deficiência Intelectual (DI) se caracteriza pela presença de limitações significativas no funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo, iniciando-se antes dos 18 anos de idade. Os prejuízos presentes variam de quadros severos até aqueles mais sutis que poderão ser de mais difícil identificação.
Estima-se que afete cerca de 1,34% da população brasileira, o que significa 2,5 milhões de pessoas. Quando separamos a DI pelo grau de prejuízos presentes, temos que casos considerados leves equivalem a cerca de 85%, 10% são moderados, severos 4% e profundos 2%.
Por razões óbvias, os casos com sintomatologia mais grave são aqueles que são mais facilmente e precocemente identificados, mas os casos mais leves, não raramente, não são corretamente diagnosticados e, não infrequentemente, são invisíveis, por assim dizer, frente aos familiares, aos professores e mesmo a alguns profissionais da área da saúde e educação.
Há alguns anos atrás, em uma reunião com o então Secretário da Educação do Estado de São Paulo, quando discutíamos a necessidade de melhorar o atendimento às crianças com DI matriculadas na rede estadual de Educação, o Secretário me perguntou:
— Afinal de contas, onde estão tantos deficientes aos quais vocês se referem?
Respondi a ele: “
— Secretário, atravesse a rua e entre naquela escola situada logo à nossa frente, e o senhor os encontrará, embora na grande maioria dos casos eles não tenham sido identificados como tal. Possivelmente estarão com diagnósticos como TDAH, Dislexia, Problemas Comportamentais etc.
Se não pensarmos que essa condição existe, que é frequente e é passível de diagnóstico a partir de protocolos de diagnóstico adequados, eles continuarão Invisíveis no que tange às suas características e necessidades.

